sábado, 24 de abril de 2010

O Pescador





Este é para mim um momento de reflexão e de busca pelo que desejo; assim sendo, o seguinte texto fala por mim...

À procura do que te faça mover-se
Do que te faça respirar e sentir-se vivo
Do que torne possível a ti encontrar-se longe de si
Do que te faça aquecer a alma
Esquecer-se dos problemas e brilhar os olhos

Um grande momento para lembrar-se
Cores para uma fotografia em preto e branco
Um sorriso para eternizar-se
Uma tarde fria para sentir o sol no rosto
Uma noite chuvosa para trazer tranqüilidade
Uma manhã para te fazer acordar para a vida

Tudo pode ser melhor quando encontramos o que procuramos
Tudo pode ser melhor mesmo que a procura seja a própria busca

Na margem do rio o pescador desavisado
Ao dedicar-se ao que deseja com todo o seu afinco
Pesca o que desvenda das águas
E surpreende-se ao descobrir em sua procura o seu próprio reflexo

terça-feira, 13 de abril de 2010

Escapismo de Todo Dia




Sobre o modo "cinematográfico" como busco viver minha vida:



Uma única vida
Um único trabalho
Um único lugar onde morar
Um único semblante

Dia após dia a minha mente
E o meu modo inconstante
Me pedem por mais de um instante
Que eu me faça diferente

Então as linhas que traço
No livro dos meus dias
Podem me levar ao longe
Por mais que eu fique onde estou

Assim dividido
Entre o racional e o imaginativo
Meus pés pisam o solo
Enquanto minhas mãos podem tocar as nuvens

Vivo como se estivesse sonhando
Sonho como se estivesse brincando
E a realidade alicerçada em cartas de baralho
Desaba e joga as suas limitações ao chão

Eu sou como um personagem
De um filme de espionagem
Que foi salvo de uma emboscada
Ao ver um Salvador Dali

Eu sou como um guitarrista
Que conheceu a filha de um florista
Ela tornou-se a sua namorada
Eles fugiram daqui

Eu sou como um contador de histórias
Que narrando suas próprias memórias
Acredita que mesmo diante da concretude da razão
É possível ser feliz para sempre

domingo, 11 de abril de 2010

Fim de Noite





Eu tenho medo do futuro
Do que vai ser da minha vida
De como vai estar o mundo

Eu tenho medo da derrota
Do inimigo e suas armas
De cair e não me erguer

Eu tenho medo do relógio
Do que eu não posso controlar
De não fazer tudo o que eu quero

Eu tenho medo do destino
Do mapa que vai ser seguido
De ir pro céu ou pro inferno

A hora não pode passar
A noite não pode acabar
Porque eu tenho muito medo de acordar
E nada estar no seu lugar

sábado, 10 de abril de 2010

Águas e Almas



Certa vez uma conversa que tive de madrugada me fez perceber o quão arriscado pode ser definir o outro quando as ferramentas que utilizamos para tanto baseiam-se apenas na superfície do que vemos; por esse motivo, escrevi as seguintes linhas:



Quando você lança o seu olhar
Numa poça d´agua
Ou num imenso mar
Você não sabe dizer
O quão fundo é esse pedaço de mundo
Você não pode saber o que ele oculta
Você só pode ver o que está diante dos seus olhos

Talvez você até possa adivinhar
Muito do que ele tem a mostrar
Mas antes de você chegar a um porto
Vai ter que navegar

Respire fundo e mergulhe agora
Não existe outro meio de saber
Se você caminhará sobre as águas
Ou se irá imergir até as profundezas

Siga a correnteza
Veja até onde ela vai te levar
Flutue e mergulhe
Não existe outro modo de embarcar

Navegar é preciso
Viver não é preciso
Então olhe ao longe
Então respire fundo
E não se esqueça de mergulhar
Então olhe ao longe
Então respire fundo
E não se esqueça de mergulhar

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cristais Trincados e Tanques de Guerra





Me diga agora o que você vê
Consegue enxergar o que está além do espelho?
Consegue perceber o que estão sentindo
Os mendigos pelos quais você passa na rua?

E na hora do jantar
Quantos de olhos vendados cercam a mesa?
Quantos nas esquinas param para ler
Revistas que mostram o quanto os artistas são felizes?

Cegos guiam cegos
Bombas explodem e convertem a vida em cinzas
E você já parou prá pensar no porquê?

Quando foi que nos puseram vendas nos olhos?
Quando foi que resfriaram nosso sangue?
Quando foi que nos anestesiaram
E covardes julgamos mais seguro não abandonar a caverna?

Loucura é estender a mão a um desconhecido
Loucura é queimar notas do tão valioso dinheiro

Mas o circo do qual somos palhaços
Esse sim é feito para os mentalmente sadios
Ele gira a cada 24 horas enquanto assistimos a tudo parados

Quando eu era menino falava como menino
Sentia como menino
Por que deixei que me secassem as lágrimas?
Se eu sabia que o meu maior tesouro habitava e batia no lado esquerdo do meu peito?
Ainda há tempo de retirar a venda dos olhos

Fuga dos Pássaros





Os pássaros fogem da tempestade
Como eu fujo dos meus problemas
E eu procuro um lugar
Onde eu possa descansar
Longe das nuvens negras
Que podem cobrir os meus sonhos claros
E fazer com que eu me perca
Fazer com que eu me perca

Os dias não são todos de sol
E a vida é assim como o céu
Eu preciso sempre saber
Quando fugir e pousar
Prá ficar bem longe das nuvens negras
Que podem cobrir os meus sonhos claros
E fazer com que eu me perca
Fazer com que eu me perca

domingo, 4 de abril de 2010

Breve História



Na introspecção típica da noite de domingo, me vieram à mente algumas idéias...

De todos os filmes que não assisti
De todas as músicas que não ouvi
De todos os sabores que não senti
De todos os vinhos que não bebi
De todas as fotografias que não bati
De todos os instrumentos que não toquei
De todas as técnicas que não dominei
De todas as palavras que me recusei a dizer
De todas as línguas que passei sem aprender
De todas os perdões que deixei de pedir
De todos os momentos em que perdi de sorrir
De tudo o que me esqueci
De todas as situações que não vivi
De tudo o que eu queria e não consegui
O que me escapou das mãos quando eu imaginava que ali ficaria
O que me desapareceu enquanto eu ficava absorto ao fitar o que via
O que imaginei erroneamente que certamente no meio do caminho encontraria
Foi o que me mostrou que embora a estrada seja longa,
conquistas se façam com garra e a paz exija um preparo para a guerra
A vida, mesmo que leve, não deixa de ser breve
Aproveitemos ao máximo então...e andemos!

Arquipélagos





Madrugada de sábado para domingo, depois de assistir ao filme Carne Trêmula, minhas mãos é que ficaram trêmulas de vontade de escrever...assim sendo, escrevi o que segue:

Dividir-se pode parecer uma perda
Quando por engano pensamos

Um cordão umbilical cortado à tesoura
Um pedaço de pão compartilhado
Um coração partido pelas mãos alheias
Fazem somar ao íntegro que não está completo

Uma ilha está dentro de um
Arquipélagos fazem a solidão permanecer ao longe
Uma lágrima pode fazer companhia
Àquele que sente por ter em si parte de outras pessoas

E o que podemos dizer que somos
Senão o que a outras pessoas deixamos?

Uma música que te faz viajar
Uma viagem que te faz pensar
Um pensamento que te faz sentir
Um sentimento que te faz sorrir
Têm um pouco de outro e de ti

À sombra de uma árvore eu posso tocar o vento
À luz da minha imaginação eu posso ver o tempo
Meu mundo te convida a sentar-se na grama
Mas terás que abrir a porta do teu mundo para ver mais que os teus olhos

E se tiveres que um dia partir
E se partida tiveres que seguir
Um pedaço terás deixado ali
Enquanto outro será levado em ti

O que de mais valor houver carregarás contigo
Em um lugar onde jamais poderão tomar-te
O teu caminho irá ensinar-te
A tua caminhada será mais sábia

E nesse decisivo momento
O teu coração em bagagem
Mesmo parado de tanto bater
Continuará a te manter viva




Observação: na foto, pode-se ver as Ilhas Botinas, também conhecidas como Ilhas Irmãs ou Ilhas Gêmeas, situadas em Angra dos Reis. A origem delas pode ser explicada por algumas lendas, dentre elas uma bastante interessante que encontrei neste site: http://www.angra-dos-reis.com/explorando_paraiso/praias_e_ilhas/Ilha_botinas.htm