segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Azul Celeste






Pouco mais tenho a dizer todos os dias do que agradecer...

Nuvens que passeiam no céu
Folhas que voam sobre o chão
Pessoas que sobre a terra vem e vão
O tempo passa e fotos testemunham quem um dia fomos
Em nosso caminho rumo às incertezas da vida
Acompanhados de sombra e de luz
Com nossos pés que nos permitem uma caminhada regida pela verdade
Com nossos ouvidos que nos permitem escutar um sopro amigo que nos guarda
Através de um som que só o coração pode ouvir em governo
Um segurar de mão que só a alma pode sentir iluminando-se
Não somos nada além de um sem razão de existir
Não somos nada além de um tentar ser feliz
Frágeis diante dos riscos de um vôo sem asas
Guiados pelo invisível que zela por nós nos momentos difíceis
Pelo intangível que não é nada senão um mensageiro das palavras escritas através de linhas tortas
Um portador da mensagem tecida nas nuvens para aqueles que sobre a terra têm a sua vida manchada do azul celeste

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Nossos Castelos






"Castelos de areia já não são mais brinquedos para aqueles que por engano acreditaram um dia contemplar fortalezas".

sábado, 25 de setembro de 2010

O Beijo de Judas





Sobre a confiança perdida...

Pensar exclusivamente em si
Visão limitada de mundo
Centrada no umbigo daquele
Que visa apenas ao seu lugar ao sol
O capitalismo é capital
Para mostrar-nos quem somos muito além do espelho
Nos dá a chance de em uma corrida de cavalos
Disparar para vencer e ganhar nem se sabe o que

Lhe dizem que é preciso garantir o seu lugar no pódio
Mas para isso você precisa derrubar os que também tentam alcançá-lo
Esqueçer-se de quem você era
Quando imaginava que no mundo houvesse justiça
Para praticar as últimas lições aprendidas na escola da vida
Onde o custo da vitória a qualquer preço
É perder todo e qualquer valor que te fazem ser uma pessoa de caráter

Aquele que beija sem verdade ao se deparar com a chegada
Acredita que encontrou um destino final
Mas aquele que olha para os lados e caminha com os outros
É ciente de que a chegada é apenas mais um caminho
A ser aprendido e vivido com os demais
Este sabe que as realizações de suas mãos em cada segundo
Por toda a sua vida e para sempre existirão

domingo, 19 de setembro de 2010

Veias Abertas






É tempo de lutar pelo que acreditamos agora e sempre; por isso, desembainho aqui as seguintes palavras...

Um dia após outro
Mais um leão abatido ao chão
Por mais que nos digam que não podemos ir adiante
Surpreender ao avançar é o disparo forte de um sim
Quando o que estava adormecido desperta
De um coração criado para manter a chama de uma vida que arde
Assim o nosso desejo ou necessidade
É um passo a mais que faz nos tornarmos o que somos
Talhados para a luta
Criados para viver em paz
Cavaleiros diante dos seus dragões
Erguendo suas espadas pelo que acreditam
Corajoso é aquele que tem fé
Uma razão pela qual morreria que lhe dá significado à vida
Aquele que não trai a si ou tampouco aos demais
Por negar-se a fechar os seus olhos ou a calar a sua voz
Mesmo ameaçado de ter as suas veias abertas
Seu sangue derramado um dia após o outro
É uma gota de orvalho comparada ao oceano de sua alma

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Que Pare a Chuva





Na noite fria de hoje alguns pensamentos me vieram à tona...

Um momento feito para que pare a chuva
Um momento para que a vida seja leve feito a neve
Um dia para se caminhar sem olhar para trás
É tempo de ir embora, cicatrizar feridas e correr

Guardo comigo o que aprendi
Levo junto de mim o que vivi

Todas as histórias e idéias que ouvi
Todas as lembranças do que senti
São agora ventos que me levam em direção ao sol

Por muito tempo cruzei caminhos através da chuva
Em muitos dias encharcado estive a sonhar com o deserto

Hoje é tempo de pisar na areia e de subir os montes
De beber da água de novas fontes
De olhar do alto da colina
E sossegado lembrar–se do início da viagem
Da época em que eu olhava para o céu
E pedia que parasse a chuva

domingo, 4 de julho de 2010

Discurso de Formatura!





No dia 02 de julho deste ano me formei em Medicina, e tendo sido o Orador da solenidade, vivenciei um momento de grande emoção junto dos meus colegas...
Seguindo a sugestão de um amigo, decidi postar aqui as palavras que discursei.

Magnífico reitor da Universidade Federal de Pelotas, professor Dr. César Borges; Excelentíssimo diretor da Faculdade de Medicina, professor Dr. Farid Nader; Excelentíssimo paraninfo, professor Dr. Luís Felipe Lopes Ustárroz; Excelentíssima patronesse, professora Dra. Elizabeth Carpena Ramos; Excelentíssimos professores e funcionários homenageados; Demais autoridades civis e militares presentes ou representadas; Senhores pais, familiares e amigos; caros colegas.

Rostos manchados de tinta, semblantes de vencedores e almas encharcadas de felicidade estavam presentes em cada um de nós quando há seis anos nossos caminhos se cruzaram enquanto éramos movidos por um sonho: o de sermos Médicos. Sonho este que nos fez ingressar juntos em uma jornada de magnitude por nós desconhecida: a missão que escolhemos para as nossas vidas - a Medicina.
Havíamos sido aprovados em um vestibular de grande concorrência, estávamos repletos de energia, medos, expectativas e desde o princípio a nossa jornada se revelou complexa e surpreendente.

No anatômico, nos vimos diante da morte enquanto descobríamos minuciosamente do que somos feitos e nas aulas de Psicologia surgiram teorias que para muitos pareceram inicialmente absurdas.
Também passamos a conhecer a exigência que a nossa formação necessita fazer dos alunos a fim de que estes se tornem bons profissionais conforme os semestres passavam. Realizamos avaliações práticas com minutos contados no relógio, provas em pleno final de semana.
Descobrimos na microbiologia, através das lentes dos microscópios, que estar vivo é um milagre. Ficamos nervosos, tememos não ser capazes de aprender tantos conteúdos, perdemos e ganhamos o sono quando não devíamos.
Durante o início da fase clínica do curso, passamos a conhecer a Semiologia Médica e com ela tivemos o nosso primeiro contato com os pacientes; timidamente nos aproximávamos daquele estranho e familiar objeto de estudo da nossa futura profissão: o ser humano, que necessitava ter desde as suas células estudadas, além dos seus órgãos e funcionamento dos mesmos, bem como ter a sua mente e a sua alma compreendidas para ser bem assistido pelo Médico.
Tínhamos medo de não saber responder as perguntas dos pacientes, de não ser capazes de colher uma boa história dos mesmos e de examiná-los. Éramos alunos que davam os seus primeiros passos na Medicina, munidos da intenção de ajudar e de aprender... E foi nesse momento que fomos surpreendidos por pessoas que dividiram conosco as suas dores, os seus anseios e o seu bem maior, a sua vida, permitindo que ouvíssemos as suas queixas e que nossos olhos atentos e mãos inexperientes descobrissem os sinais das suas doenças enquanto desvendávamos os seus diagnósticos.
Nossos pacientes nos ensinaram lições que escapam dos livros, nos mostraram em seus momentos difíceis a força que mesmo na fragilidade o ser humano é capaz de revelar em sua luta pela vida.
Aprendemos a desenvolver a empatia, embora não nos fosse permitido chorar, nos indignamos com a brevidade da vida, convivemos com a dor e com o sofrimento,
Tivemos a oportunidade de ver a mãe esquecer-se de si e das dores do parto ao tocar o seu filho que acabara de nascer em nossas mãos, nos impressionamos com a engenhosidade das cirurgias à semelhança de orquestras transcorrendo em perfeita harmonia, nos vimos nas crianças da pediatria relembrando como tínhamos medo na infância dos que não eram os nossos pais.
Pudemos observar do alívio da enfermidade à sua cura.
Conhecemos a realidade Médica que nos aguarda com os problemas que a assolam, como a falta de investimentos políticos e de recursos, necessitando que trabalhemos para transformá-la.

Mas em meio a todas essas descobertas, realizamos uma especialmente interessante: descobrimos uns aos outros.
O longo tempo de convivência – maior que o junto dos familiares e conhecidos, as dificuldades superadas juntos, nossos momentos de risadas, de choros, de brincadeiras, contribuíram para que nos aproximássemos cada vez mais e para que a Leiga presenciasse o surgimento de fortes amizades, de grandes amores e para que aprendêssemos muito com os colegas.
A nossa turma, a Turma do Tiroteio, teve como um de seus traços principais ser composta por indivíduos muito diferentes entre si: de várias regiões do país, pudemos conviver com pessoas das mais ansiosas às mais calmas, das mais estudiosas às mais festeiras e também com aquelas que mesmo em um mundo por vezes tão injusto e desonesto como o nosso, se caracterizam pela coragem de ter fé.

Alguns momentos deixarão saudades, como os muitos churrascos, as Festas na casa da Professora Neneca e do Professor José Maurício, a presença constante do amigo e Professor Luís Felipe, o histórico vitorioso do Tiroteio Futebol Clube, as imitações de colegas e professores, os perigosos passeios na superlotada e memorável Kombi do nosso X. Outros como as nossas brigas e desentendimentos, devem ser lembrados como fatos que puderam contribuir para que amadurecêssemos.

Também marcantes foram as presenças de nossos Professores em nossa formação; estes, já haviam estado em nosso lugar, conheciam o caminho que estávamos a percorrer e guiaram os nossos passos criando condições para o nosso aprendizado com respeito, amizade e dedicação. A todos os Mestres que nos transmitiram o conhecimento e que nos servem de exemplo como profissionais e pessoas, os nossos sinceros agradecimentos.

Outras pessoas que assumiram fundamental importância nessa trajetória foram os nossos familiares, amigos, namorados, namoradas, além de todos aqueles que em algum momento nos fizeram acreditar que poderíamos ir mais longe em nossa busca pela realização profissional e pessoal, aos quais devemos ser muito gratos.
Especial atenção deve ser dada aos nossos pais, aos quais coube a difícil tarefa de nos apresentar ao mundo, dedicando as suas vidas a nos amar e a nos educar, sofrendo com o nosso sofrimento e sendo felizes com a nossa felicidade... Somos parte deles e eles de nós.

Após esses seis anos de curso, podemos dizer que já não somos mais os mesmos. Muitos de nós começamos a Faculdade de Medicina com uma visão um tanto idílica acerca da mesma: a de que deveríamos estudar e se formar para salvarmos vidas; no entanto, durante o curso, chegamos a ouvir que a Ciência Médica representa para os Médicos uma guerra perdida, para os quais assim como soldados em seus QGS, o fim acaba por ser capitular-se diante da inexorabilidade do seu "inimigo", a morte.

Hoje nossa vivência nos permite ver o Médico como um cuidador de pessoas, que, sobretudo respeita e gosta do gênero humano; podemos compreender que o Médico deve ser sempre alguém em busca de aprimorar-se na arte da Medicina, esforçando-se para desempenhar o seu trabalho com ética, competência e responsabilidade.
Neste momento, devemos buscar ser Médicos capazes de superar as nossas dificuldades e de cumprir o nosso papel diante da sociedade da melhor forma possível.

Quanto a salvar as vidas dos pacientes, atualmente somos capazes de entender que embora isso nem sempre seja possível e que as mesmas inevitavelmente um dia tenham que acabar, seremos diante do fim "soldados" vencedores.
Poderemos ajudar nas "batalhas da vida" para que estas sejam melhores vividas e mesmo frente à morte, será possível a nós tornar o seu curso menos doloroso. Não salvaremos os nossos pacientes, mas seremos pelos mesmos salvos: de viver de forma vazia, de existir em egoísmo na medida em que lançarmos o nosso olhar sobre o outro, estaremos a salvo de não aprender e de não desfrutar com os demais as melhores coisas que a vida possa nos oferecer. Seremos, na verdade, privilegiados por todo o crescimento pessoal que a Medicina nos permite ter.

Hoje, modificados e realizados pelo sonho que nos uniu, devemos continuar a nossa caminhada ainda que não mais lado a lado e seguir na luta por aquilo que acreditamos que mereça todos os nossos esforços, lembrando-se de que como disse o Médico Ernesto Guevara de La Serna: “Lutam melhor aqueles que têm belos sonhos”.
Foi uma honra ter sido colega de vocês...muito obrigado!

sábado, 22 de maio de 2010

A Mão





Escrevi há muito tempo este poema em um trabalho da escola cuja proposta era fazer a descrição de uma mão...portanto, estando eu nostálgico hoje (e sempre), aí vai:

A minha mão é grande
Com ela criei o céu, a terra, o mar, o ar

A minha mão tem diversas linhas
Através delas, tive a idéia de criar rios

A minha mão tem a força
Com ela eu ergui montanhas

A minha mão pode criar, salvar, curar
A minha mão é a mão de Deus

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Grandes Expectativas





Recentes expectativas me levaram a tecer estes versos:

A espera por alguém que chega de viagem
O aguardar o nascer de um filho
Os planos para o dia de amanhã
O sonhar para dar sentido à vida

A vivência antecipada
O frio na barriga
O roer as unhas
O medo do novo

Todo querer que aconteça nos domina
Quando sabemos muito bem o que desejamos
A emoção acaba por crescer em solo fértil
Grande árvore da semente esperança

E assim dias melhores virão
Momentos que marcados ficarão
Pois a fé naquilo que acreditamos
É o sopro que movimenta as nuvens do tempo

A atmosfera modificada
A alma realizada
Transformam em viver o nosso existir
E mesmo que a nossa espera não figure na janela
Terá permitido que vejamos muito além das paredes que nos cercam

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Novas Imagens





Acerca do meu sonho de conhecer o mundo...

Preciso estar onde não estive
Alimentar meus olhos com novas imagens
Esquecer de mim ao captar a paisagem
Eu quero muito ir para bem longe daqui

Há tanto o que se aprender
Há tanto para se viver
Que quando meus dias parecem iguais
Eu sou um náufrago a assistir ao relógio

O vento que desenha um manto verde no campo
A areia úmida da praia que nos atrai para as águas
As luzes convidativas das grandes cidades
Os castelos com suas histórias aguardando as nossas visitas

Tudo sob o céu está
Em pequeno mundo de dimensões inimagináveis
E eu, conquistador de minha própria vida,
Ao lançar o meu olhar ao horizonte
Além dos mares nunca dantes navegados
Encontro muita terra à vista para ser vista

sábado, 24 de abril de 2010

O Pescador





Este é para mim um momento de reflexão e de busca pelo que desejo; assim sendo, o seguinte texto fala por mim...

À procura do que te faça mover-se
Do que te faça respirar e sentir-se vivo
Do que torne possível a ti encontrar-se longe de si
Do que te faça aquecer a alma
Esquecer-se dos problemas e brilhar os olhos

Um grande momento para lembrar-se
Cores para uma fotografia em preto e branco
Um sorriso para eternizar-se
Uma tarde fria para sentir o sol no rosto
Uma noite chuvosa para trazer tranqüilidade
Uma manhã para te fazer acordar para a vida

Tudo pode ser melhor quando encontramos o que procuramos
Tudo pode ser melhor mesmo que a procura seja a própria busca

Na margem do rio o pescador desavisado
Ao dedicar-se ao que deseja com todo o seu afinco
Pesca o que desvenda das águas
E surpreende-se ao descobrir em sua procura o seu próprio reflexo

terça-feira, 13 de abril de 2010

Escapismo de Todo Dia




Sobre o modo "cinematográfico" como busco viver minha vida:



Uma única vida
Um único trabalho
Um único lugar onde morar
Um único semblante

Dia após dia a minha mente
E o meu modo inconstante
Me pedem por mais de um instante
Que eu me faça diferente

Então as linhas que traço
No livro dos meus dias
Podem me levar ao longe
Por mais que eu fique onde estou

Assim dividido
Entre o racional e o imaginativo
Meus pés pisam o solo
Enquanto minhas mãos podem tocar as nuvens

Vivo como se estivesse sonhando
Sonho como se estivesse brincando
E a realidade alicerçada em cartas de baralho
Desaba e joga as suas limitações ao chão

Eu sou como um personagem
De um filme de espionagem
Que foi salvo de uma emboscada
Ao ver um Salvador Dali

Eu sou como um guitarrista
Que conheceu a filha de um florista
Ela tornou-se a sua namorada
Eles fugiram daqui

Eu sou como um contador de histórias
Que narrando suas próprias memórias
Acredita que mesmo diante da concretude da razão
É possível ser feliz para sempre

domingo, 11 de abril de 2010

Fim de Noite





Eu tenho medo do futuro
Do que vai ser da minha vida
De como vai estar o mundo

Eu tenho medo da derrota
Do inimigo e suas armas
De cair e não me erguer

Eu tenho medo do relógio
Do que eu não posso controlar
De não fazer tudo o que eu quero

Eu tenho medo do destino
Do mapa que vai ser seguido
De ir pro céu ou pro inferno

A hora não pode passar
A noite não pode acabar
Porque eu tenho muito medo de acordar
E nada estar no seu lugar

sábado, 10 de abril de 2010

Águas e Almas



Certa vez uma conversa que tive de madrugada me fez perceber o quão arriscado pode ser definir o outro quando as ferramentas que utilizamos para tanto baseiam-se apenas na superfície do que vemos; por esse motivo, escrevi as seguintes linhas:



Quando você lança o seu olhar
Numa poça d´agua
Ou num imenso mar
Você não sabe dizer
O quão fundo é esse pedaço de mundo
Você não pode saber o que ele oculta
Você só pode ver o que está diante dos seus olhos

Talvez você até possa adivinhar
Muito do que ele tem a mostrar
Mas antes de você chegar a um porto
Vai ter que navegar

Respire fundo e mergulhe agora
Não existe outro meio de saber
Se você caminhará sobre as águas
Ou se irá imergir até as profundezas

Siga a correnteza
Veja até onde ela vai te levar
Flutue e mergulhe
Não existe outro modo de embarcar

Navegar é preciso
Viver não é preciso
Então olhe ao longe
Então respire fundo
E não se esqueça de mergulhar
Então olhe ao longe
Então respire fundo
E não se esqueça de mergulhar

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cristais Trincados e Tanques de Guerra





Me diga agora o que você vê
Consegue enxergar o que está além do espelho?
Consegue perceber o que estão sentindo
Os mendigos pelos quais você passa na rua?

E na hora do jantar
Quantos de olhos vendados cercam a mesa?
Quantos nas esquinas param para ler
Revistas que mostram o quanto os artistas são felizes?

Cegos guiam cegos
Bombas explodem e convertem a vida em cinzas
E você já parou prá pensar no porquê?

Quando foi que nos puseram vendas nos olhos?
Quando foi que resfriaram nosso sangue?
Quando foi que nos anestesiaram
E covardes julgamos mais seguro não abandonar a caverna?

Loucura é estender a mão a um desconhecido
Loucura é queimar notas do tão valioso dinheiro

Mas o circo do qual somos palhaços
Esse sim é feito para os mentalmente sadios
Ele gira a cada 24 horas enquanto assistimos a tudo parados

Quando eu era menino falava como menino
Sentia como menino
Por que deixei que me secassem as lágrimas?
Se eu sabia que o meu maior tesouro habitava e batia no lado esquerdo do meu peito?
Ainda há tempo de retirar a venda dos olhos

Fuga dos Pássaros





Os pássaros fogem da tempestade
Como eu fujo dos meus problemas
E eu procuro um lugar
Onde eu possa descansar
Longe das nuvens negras
Que podem cobrir os meus sonhos claros
E fazer com que eu me perca
Fazer com que eu me perca

Os dias não são todos de sol
E a vida é assim como o céu
Eu preciso sempre saber
Quando fugir e pousar
Prá ficar bem longe das nuvens negras
Que podem cobrir os meus sonhos claros
E fazer com que eu me perca
Fazer com que eu me perca

domingo, 4 de abril de 2010

Breve História



Na introspecção típica da noite de domingo, me vieram à mente algumas idéias...

De todos os filmes que não assisti
De todas as músicas que não ouvi
De todos os sabores que não senti
De todos os vinhos que não bebi
De todas as fotografias que não bati
De todos os instrumentos que não toquei
De todas as técnicas que não dominei
De todas as palavras que me recusei a dizer
De todas as línguas que passei sem aprender
De todas os perdões que deixei de pedir
De todos os momentos em que perdi de sorrir
De tudo o que me esqueci
De todas as situações que não vivi
De tudo o que eu queria e não consegui
O que me escapou das mãos quando eu imaginava que ali ficaria
O que me desapareceu enquanto eu ficava absorto ao fitar o que via
O que imaginei erroneamente que certamente no meio do caminho encontraria
Foi o que me mostrou que embora a estrada seja longa,
conquistas se façam com garra e a paz exija um preparo para a guerra
A vida, mesmo que leve, não deixa de ser breve
Aproveitemos ao máximo então...e andemos!

Arquipélagos





Madrugada de sábado para domingo, depois de assistir ao filme Carne Trêmula, minhas mãos é que ficaram trêmulas de vontade de escrever...assim sendo, escrevi o que segue:

Dividir-se pode parecer uma perda
Quando por engano pensamos

Um cordão umbilical cortado à tesoura
Um pedaço de pão compartilhado
Um coração partido pelas mãos alheias
Fazem somar ao íntegro que não está completo

Uma ilha está dentro de um
Arquipélagos fazem a solidão permanecer ao longe
Uma lágrima pode fazer companhia
Àquele que sente por ter em si parte de outras pessoas

E o que podemos dizer que somos
Senão o que a outras pessoas deixamos?

Uma música que te faz viajar
Uma viagem que te faz pensar
Um pensamento que te faz sentir
Um sentimento que te faz sorrir
Têm um pouco de outro e de ti

À sombra de uma árvore eu posso tocar o vento
À luz da minha imaginação eu posso ver o tempo
Meu mundo te convida a sentar-se na grama
Mas terás que abrir a porta do teu mundo para ver mais que os teus olhos

E se tiveres que um dia partir
E se partida tiveres que seguir
Um pedaço terás deixado ali
Enquanto outro será levado em ti

O que de mais valor houver carregarás contigo
Em um lugar onde jamais poderão tomar-te
O teu caminho irá ensinar-te
A tua caminhada será mais sábia

E nesse decisivo momento
O teu coração em bagagem
Mesmo parado de tanto bater
Continuará a te manter viva




Observação: na foto, pode-se ver as Ilhas Botinas, também conhecidas como Ilhas Irmãs ou Ilhas Gêmeas, situadas em Angra dos Reis. A origem delas pode ser explicada por algumas lendas, dentre elas uma bastante interessante que encontrei neste site: http://www.angra-dos-reis.com/explorando_paraiso/praias_e_ilhas/Ilha_botinas.htm