sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Liberdade, Suspensórios e Chapéu





Na madrugada
Sentado na cama
Com a mente e o corpo cobertos de lama
Eu preciso unir as minhas mãos e me confessar
Muitas histórias tenho a te contar
Muitos fatos que não consigo esquecer
Suspiros de um pecador incapaz de sentir dor
Me diga, por favor, como caminhar para a frente sem a terra que fica nos sapatos
Me ensine a tocar a luz sem ser ofuscado ou sentir a pele queimar
Eu preciso de minha liberdade, meus suspensórios e do meu chapéu
Eu preciso de um pouco de atenção enquanto contemplo o céu
Eu preciso tocar a grama azul que me toca a alma
Eu preciso vestir minha roupa preta e agir com calma
Porque nesses longos tempos que têm sido cada dia
Acho que somente Johnny Cash me entenderia

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Abracadabra




Valorosa quando ecoa no ouvido
Sabidamente a melhor opinião
E o melhor conselho lançado ao espelho
Reflete a luz que ilumina os olhos
Fazendo a realidade coelho que sai da cartola
Tesouro convertido em lixo quando dissimulados os propósitos
Moeda de valor desconhecido quando ocultados os interesses
De todas as minhas estranhezas
A minha paixão pela verdade
Talvez seja a melhor das minhas experiências
O pó de todas as minhas inocências 
Antídoto da tristeza
Um regar sonoro a grandeza
E um abater qualquer dúvida predatória em certeza

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pacto de Sangue




Meu caminho eu escolhi ainda pequeno
Meus passos comecei a desenhar desde muito cedo
Alimentando-me das letras
Tocando com os pensamentos os meus sonhos
Que visualizo mesmo nas brumas onde se pensa que nada se pode ver
Darei meu sangue pelo que acredito
Com uma fé cada vez mais amadurecida pelo tempo
Me apresento hoje para a vida que eu sempre quis
Com o sorriso de quem escolheu entre as alegrias e tristezas ser feliz

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lugar para se Estar

Alma calma
Recostado fico sobre a poltrona da sala
Aquecendo os pés enquanto esfrio a cabeça
O fogão à lenha faz fumaça que flutua e se desfaz no ar
Um convite recebo do meu cachorro em desespero para brincar
O movimento das folhas das árvores e tempo passam devagar
Em um refúgio de tudo e até de mim mesmo em lugar
Cores, cheiros e sabores
Terra, verde e céu
À minha espera e do meu chapéu

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Calado






Não espere me entender
Não espere que eu diga o que penso de você
Não é que eu seja complicado
Não é que eu não seja verdadeiro
Mas prefiro me calar a te dizer
O que a vida me ensinou em sua dureza
O que ela me mostrou em delicadeza
De todos os sonhos perdidos
De todas as expectativas mortas
De todas as atitudes tortas
Da palmatória que me tornou quem sou
Firme de caráter
Caminhante sonhador
Duro de dobrar
Pedra a rolar
Difícil de parar
Anjo sem asas
Vampiro em busca de sangue
Médico e monstro
Poeta insensível
Protagonista invisível
De joelhos a suplicar uma vida construída
Sobre alicerce de honra e grandeza de espírito

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Amanhece








Liberto de amarras
Guardadas as garras
Aguardo o tempo em que haja mais tempo
Em que um som como que por encanto
Me faça deixar as preocupações perdidas em algum canto da sala
Em que os meus pés deixem para trás a porta de casa
Para explorar as luzes da noite
Enquanto são percorridos pelo som que se propaga em acordes de guitarra
Da tábua do chão ao coração
Do tímpano que vibra à mente que entende
Que a vida em ondas torna cada amanhecer um presente
E cada luar uma celebração do fim que não termina
Amanhece em clave e sol, a banda para de cantar
Mas ainda consigo ouvir a música tocar

segunda-feira, 5 de março de 2012

Remar






Não me pergunte o porquê
Não saberei te responder
Há tanto feito e machucado
Tanto desagrado e aprendizado
Que não sei porque tomamos um caminho ou outro
Se a sorte é um rolar dos dados
Ou se é caprichoso o destino de cada peça no tabuleiro
Tudo está escrito?
Ou é um jogo do que é provável?
É definitivo?
Ou cada fato é um passo em direção ao louvável?
Ontem à noite fui dormir tranquilo em minha cama
Enquanto muitos cruzavam a margem do rio da vida ou da dor do sofrer
Hoje acordei remando nas águas que me são possíveis navegar
Hoje vivi o privilégio daqueles que vendo outros caírem a sua volta
Têm na mão de um pai um apoio para caminhar
Se neste momento ainda me é permitido sonhar
Me é obrigação um bonito remar

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Nascido Para





Todos somos um
Todos somos únicos
Cada célula
Cada linha das nossas mãos
Nada foi construído em vão

E quando percebo o brilho nos olhos de quem olha para mim
Sei que o acaso não por acaso nos fez assim
Feitos para construir uma história
Para escrever na linha do tempo entre o futuro e a memória
O que nos desperte emoção ou interesse

Talhados para aprenderem uns com os outros
E para dividir felicidade como quem reparte um pão
Somos nascidos para um fim que não acaba
Somos nascidos para fazer acontecer
E todos os dias quando acordamos
Uma chance nova temos de nos fazer melhores
E de nascer novamente para uma nova vida

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Velho






O velho me conta as suas histórias
Como um filme de batalhas com suas derrotas e vitórias
Narra o antigo desejo de viver uma aventura
Com o olhar de quem revive com ternura
A partida de um sonhador
A chegada de um construtor
De sonhos doces que lhe fazem recordar
Da força que somos capazes de revelar
Através dos tempos, dos mares, dos diferentes lugares
Quando nosso coração nos ordena ainda que sem razão
Que deixemos para trás quem somos para sermos nossa nova versão
A qual mesmo que um dia se torne marcada pelo tempo
Será como o vinho tinto com o qual se celebra um bom ano